terça-feira

Sobre babaquice online, a Mídia e a ocupação da USP


Qualquer aglomerado de babaquice bem argumentada vira verdade na internet né? é muito fácil argumentar qualquer coisa no youtube quando existem programas para editar video e o nosso querido justiceiro (punisher) da rede não precisou colocar seus gaguejos e argumentos mal feitos online. aliás boa edição é o caminho para tudo não é? Inclusive é a mesma ferramenta que os jornais e revistas abertamente reacionárias se utilizam para escrever as matérias que nosso herói virtual possivelmente teve acesso. Digo por reacionário “todo aquele que se contrapõe à revolução, entendida como a subversão da estrutura socio-econômica e política da sociedade (vide Wikipédia ou qualquer bom dicionário mesmo) afinal de contas “subversão da estrutura sócio-econômica”? não é isso que os colegas financiadores desses meios de comunicação querem não é? Falando deles, para não ficar parecendo com a “balela” que nosso amigo denunciou vamos a fatos um pouco mais concretos: aqui vai o titulo de uma das primeiras aparições do caso para a mídia “alunos-da-usp-ferem-dois-pms-na-cabeca-com-pedradas”, qualquer professor de redação indicaria que isso não foi o fator chave da notícia e não é o que a princípio deveria ser vislumbrado no titulo da matéria.
Outro fato: praticamente nenhuma emissora se dispôs a ouvir as pessoas responsáveis pela ocupação da USP e pelo protesto, mas se preocuparam a entrevistar alunos de outros blocos como “engenharia” visivelmente contrários ao uso de drogas (ou seja lá o que for contra os princípios de seus pais) que chegavam de carro em um lugar bem distante daquela área do incidente. Já na reportagem do dia 8/11 da globo o foco das cameras era nas latas de lixo com garrafas de cerveja e outras bebidas (como se em outros tempos as pessoas que protestassem tivessem de fazê-lo sóbrias). os jornalistas desde o começo não se preocuparam de mostrar o lado dos alunos.
Essa atitude da mídia não é nem um pouco nova e nunca deixou de permear nosso dia a dia com noticias muito bem higienizadas e tendenciosas. Um exemplo foi o tratamento que a mídia deu ao protesto feito pelos bombeiros no Rio de Janeiro por melhoria salarial, onde o bope teve ordem de prender 439(!!!) bombeiros (que foram chamados de “baderneiros”, “delinqüentes” e “vândalos” pelo governador do Rio por terem protestado dentro do quartel, um lugar que os próprios dizem ser sua casa (pois passam mais tempo de suas vidas ali do que em qualquer lugar). Eis o link para a noticia no G1: bombeiros que invadiram quartel são vandalos e irresponsaveis e olha que coincidência: alunos retirados da USP precisam de aula de democracia. Se o problema são os estudantes mascarados eis uma boa materia também: por que os estudantes da USP estavam usando mascaras .
Da mesma forma os estudantes da USP estão SIM em sua casa (diferente do que afirma o capitão nascimento da rede), pois nós estudantes passamos maior parte do nosso dia durante quatro anos dentro da universidade. Tem um outro video muito bom: como se fabricam marginais em nosso país . Pelo visto meu amigo, não é só quem escuta axé que faz baderna. E falando em Chico Buarque fica uma duvida: será que todos os presos políticos tiveram a mesma sorte dele? de ser exilado? Acho que se ele não fosse Buarque de Hollanda a coisa seria um pouco mais complicada. Pois veja você, normalmente quem tem voz para protestar sem aparentemente apanhar (como você sente tesão em ver) é a classe media alta, independente de tomar suco de soja ou não, o que aliás não torna ninguém pior.
Sobre o conselho do justiceiro aos PM’s de “descer o cacete” colocado a par com a idéia de “educação”, vale lembrar Sócrates da Grécia que foi morto por supostamente “subverter” a educação dos jovens gregos. A PM Paulista é conhecida pela truculência em reprimir movimentos sociais. A mídia mostra essa repressão como uma forma de manter a ordem e na realidade é essa 'ordem' que precisamos temer. "eu jamais iria para a fogueira por uma opinião minha, afinal, não tenho certeza alguma. porém, eu iria pelo direito de ter e mudar de opinião, quantas vezes eu quisesse" (ecce homo, Nietzsche). É por esse direito que lutam os alunos da USP, e não pelo direito de fumar maconha ou fazer sexo no mato. "EM vários países do mundo, a universidade está a salvo das ingerências policias, por que ela é a única capaz de garantir pensamento livre, as novas idéias não podem ser limitadas" (Olgária Matos, Doutora em Filsofia, professora da USP). Também tem um depoimento muito interessante de um outro professor da USP: cortina de fumaça da segurança na usp.
Para terminar meu único pedido (nosso sargento.net fez o dele!) seria que as pessoas que divergem dos ideais do nosso herói do video, se reconhecerem o individuo em carne osso, que apliquem o mesmo tipo de pena a ele que ele vos desejou.